Já sabia o que estava por vir, acordei angustiada, aquele peso enorme no coração... é como se o universo quisesse me avisar: - Não sai da cama, fica aí, não vai pra rua, não ver gente, vai dar merda...
E mesmo se eu continuasse em casa, trancada no quarto, deitada na cama, sem respirar ainda sim daria um jeito de fazer uma cagada das grandes, ainda sim alguém abriria a porta, ou alguém telefonaria e diria: -EI, TU, FEZ MERDA, VACILOU...
Porque foi sempre assim, desde pequena, desde que nasci, já nasci fazendo merda, matando os outros, fudendo gente, deixando pelo menos meia dúzia de pessoas com a mão na cabeça e pensando: E AGORA? O QUE A GENTE VAI FAZER???  - E desde então minha vida tem sido esse remendo de coisas por fazer e pessoas tentando fazer com que a coisa dê certo, mas a coisa não dar, não ajuda, a coisa só faz merda, mesmo quando não quer, mesmo quando se esforça pra ser legal, amiga, a coisa só vacila...E quando ontem escrevi que sentimentos antigos estavam querendo vir à tona eu falava justamente disso, dessa sensção de fazer TUDO errado, essa maldita sensação de que tudo tá errado na minha vida, de que eu não me encaixo nos lugares que frequento e nem pareço com as pessoas que eu mais tenho contato e quando falei que detestava essa minha capacidade de não superar as coisas é porquer nessa vida eu simplesmente não consigo esquecer! E não tô falando de mágoa, nem do que outras pessoas fizeram comigo, tô falando de mim, do que faço, do que eu fiz, essas merda que me acompanham e eu nunca esqueço, do quilo de açúcar que minha mãe me mandou comprar e eu trouxe feijão, do emprego que a minha irmã perdeu pq eu esqueci de dar o recado do telefonema pra ela, da minha amiga que eu deixei chorando pq simplesmente eu não me toquei onde ela estava... tô falando dessas coisas idiotas que qualquer pessoa normal sabe dar conta, mas eu não, não consigo e não é por mal, juro que não é, juro que tento, que me esforço, pra ser alguém melhor, agradável, mas as vezes acho que não rola, que nunca vai rolar, que sempre vai ter um dedo, uma mão apontando pra mim e o pior de tudo, MEU DEDO, MINHA MÃO!